domingo, agosto 15, 2010

Correndo para longe de si mesmo

Comparecendo regularmente num estabelecimento pude observar a quantidade de negativas endereçadas às recepcionistas, quando estas solicitavam aos frequentadores do local alguns minutos do seu tempo a fim de que registrassem suas digitais num novo sistema computadorizado. Ali, o programa de identificação estava sendo atualizado e ficaria mais rápido e eficiente.

A desculpa da maioria dos clientes do lugar era sempre a mesma: "Estou com pressa; Não posso, mais tarde, tá? ; Estou atrasado; Depois eu vejo isso...; Tem que ser logo agora?" Isto quando não se irritavam com o referido pedido, pois até o fato de serem abordados pelas funcionárias, os "atrapalhava" em seu trajeto rumo ao treino e pulavam bruscamente a roleta, sem se importarem com o pedido de compreensão das atendentes, que educadamente se desculpavam pelo "transtorno"causado pela necessidade do recadastramento.

Aí fiquei pensando como não temos muitas vezes consciência de nossa ansiedade. Como não percebemos que estamos atropelando os outros e nos destemperando facilmente com aqueles que "ousam atravessar" o nosso caminho. Todos que tentam nos informar de algo ou conduta nova são vistos como obstáculos a serem derrubados. Tratamos os agentes dessa alteração de nossa rotina autoestabelecida, como adversários. As mentes rígidas têm extrema resistência à qualquer mudança. Quanto desespero e aflição sem fundamento!

Na verdade isso é uma máscara que a maioria das pessoas usa pra mostrar uma força e importância que na verdade não têm. Pois se as tivesse, não se deixaria desestabilizar por ter que ceder alguns minutos do seu dia por uma exigência comum a todos. São indivíduos que se sentem superiores e esperam ter um tratamento diferenciado em tempo integral. Alimentam seu próprio ego com atitudes de extrema impaciência e arrogância, não se submetendo à pequenos reajustes administrativos, a fim de que sintam melhores que os demais. A realidade é que somos todos iguais. No íntimo, os ansiosos e apressados carregam brasas em seus pensamentos. Correm para longe de si mesmos. Raramente dão ouvidos, para que os outros não reparem nas suas reais necessidades e fragilidades.

Tudo aquilo que precisamos assimilar e compreender se repetirá inúmeras vezes em nossas vidas, até que saibamos dar atenção às experiências de fraternidade e consciência coletiva. Quando pulamos etapas, atraímos a repetição de processos de adaptação. Repare, é sempre comum o impaciente reclamar que tudo lhe rouba o tempo, que tudo é obstáculo, e que só atrai "gente lerda". Até que eles insistam em burlar pequenas atitudes de organização, a mente lhe fará uma sombra desordenada e uma insatisfação constante, que não lhe permitirá colher os frutos da paz e do amor de uma vida em comunidade. Nenhum de nós sobrevive sozinho. Dependemos uns dos outros para melhor viver. Quanto mais cedo compreendermos isso, mais longe ficaremos da solidão descontente.

Energias positivas de Saúde, Paz e Amor!

Ana Anciães
luznaweb@gmail.com

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